05/11/2009

Essa que ei de amar

Essa que ei de amar perdidamente um dia

Será tão loura, clara, e vagarosa, e bela
Que eu pensarei que é o sol que vem pela janela
Trazer luz e calor a essa alma escura e fria.

E, quando ela passar, tudo o que eu sentia
Da vida hà de acordar no coração, que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atraz dela
Como sombra feliz... –Tudo isso me dizia,

Quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
E claro, e vagaroso, e belo, na luz do ouro
Do poente, me dizia Deus, como sol triste...

E falou-me longe :”Eu passei a teu lado
Mais ias tão perdido em teu sonho dourado,
Meu pobre sonhador, que nem sequer me viste.

Guilherme de Almeida

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